Na mesma semana em que foi divulgado o aumento do desmatamento em agosto na Amazônia de 229% em relação ao mesmo mês de 2007, o Brasil obteve uma notícia boa: pela primeira vez uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável na Amazônia consegue um certificado internacional em Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa Provenientes do Desmatamento (RED).
A unidade de conservação que conseguiu o feito inédito para o país foi a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma. Localizada no município de Novo Aripuanã, no Amazonas, às margens da rodovia AM-174, região de alto risco de desmatamento, a unidade é uma das 34 sob a ação da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e possui estimativa de contenção de desmatamento de 366.151 hectares de floresta tropical, do total de 589.612 hectares que compõem a unidade.
Com isso, até o primeiro período de creditação, em 2016, espera-se conter a emissão de 4.013.025 toneladas de CO2. O projeto durará até 2050, quando estima-se que deverá gerar créditos de 189.767.027 toneladas de CO2. A validação foi feita pela auditora alemã Tüv Süd, a partir do padrão Climate Community and Biodiversity Alliance (CCBA). "Essa conquista inédita terá grande importância no contexto internacional, no qual se discutem as regras para a inclusão do carbono florestal no novo período de compromisso após Quioto (2012)", revelou o diretor da FAS.
Segundo ele, o feito é também um exemplo para outras unidades de conservação do país. "O que nós fizemos foi algo que tem um valor histórico muito importante porque muitas pessoas diziam que era impossível criar um critério de carbono relacionado à proteção da Amazônia. Mostramos que isso é possível e que outras iniciativas poderão se inspirar nesse trabalho e fazer com que outros projetos consigam a certificação", disse o diretor.
Além dos benefícios climáticos previstos com a redução de emissões de gás carbônico resultantes do desmatamento, o projeto contempla a geração de benefícios sociais e ambientais na área, incluindo: fortalecimento da fiscalização ambiental, incremento da geração de renda através de negócios sustentáveis, melhoria da educação, desenvolvimento de pesquisa científica e pagamento direto por serviços ambientais por meio do Programa Bolsa Floresta em suas quatro modalidades (Bolsa Floresta Família, Bolsa Floresta Social, Bolsa Floresta Associação e Bolsa Floresta Renda).
Para o diretor, a valorização dos serviços ambientais por intermédio dos créditos de carbono representa uma alternativa extremamente importante para se obter a diminuição drástica do desmatamento na região. "Ações de policiamento são limitadas, por isso, a solução duradoura é de ordem econômica. É claro que cada região tem particularidades distintas, não há uma fórmula única, mas essa iniciativa e projetos como o da bolsa floresta, apresentam um caminho mais promissor", relatou.
Os recursos para a implementação do projeto são originários do rendimento do fundo da Fundação Amazonas Sustentável e, no futuro, sua manutenção dependerá da comercialização de créditos de carbono. Haverá ainda, a partir do final de 2008, o patrocínio da rede de hotéis Marriott International que repassará recursos equivalentes a US$ 2 milhões em quatro anos a serem integralmente investidos na região para complementar o projeto.
Amazônia:Desmatamento
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- UC Juma
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