Amazonas cria 25 mil km2 de áreas protegidas

FSP, Ciência, p. A18 - 28/03/2006
Amazonas cria 25 mil km2 de áreas protegidas

Áreas do Estado do Amazonas que podem ser o lar de espécies ainda desconhecidas da ciência e que abrigam animais como macacos, onças-pintadas e ariranhas vão abrigar cinco novas reservas, com área total em torno de 2,5 milhões de hectares (25 mil km2), uma área maior que a de Sergipe. O anúncio foi feito ontem, durante a COP-8, elevando o total de áreas protegidas no Amazonas para o equivalente a cerca de 50% da extensão do Estado.

"Queremos fazer a assinatura do decreto em Manaus, dentro de algumas semanas, mas o processo de criação está todo pronto", disse o secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana. O processo, que teve como parceira a ONG Conservação Internacional, envolveu levantamentos da biodiversidade das cinco áreas e a consulta pública com as comunidades que vivem nelas.

Esse segundo ponto é importante porque, à exceção de um trecho de 746 mil hectares no chamado Mosaico Matupiri-Igapó-Açú, as demais áreas protegidas permitirão o uso sustentável e o extrativismo. "Na verdade, você pode fazer quase tudo, desde exploração madeireira até extrativismo, desde que com plano de manejo", diz Viana. Como são regiões pouco habitadas, acredita-se que será possível equilibrar as necessidades dos moradores com as de conservação.

Cada reserva terá trechos em que a exploração será permitida e outros vedados ao uso. "Para definir isso, nós trabalhamos com as comunidades para saber que áreas eles estão usando, com qual intensidade, e o que eles precisam produzir para melhorar sua qualidade de vida", diz José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente de ciência da Conservação Internacional no Brasil.

"A vantagem hoje é que temos uma população pequena e áreas grandes. Daqui a 20 anos, se a pressão populacional aumentar, pretendemos fazer um acompanhamento para que as atividades econômicas se intensifiquem na área já utilizada, mas sempre aproveitando o potencial da floresta", afirma Cardoso da Silva.

Segundo Viana, as novas reservas surgem com a intenção de prevenir a influência de atividades predatórias. A Reserva Extrativista do Rio Gregório e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Juma, por exemplo, sofrem pressão de grileiros e de madeireiros ilegais (o agronegócio ainda não é um grande problema, diferentemente de outras regiões).

FSP, 28/03/2006, Ciência, p. A18
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