Famílias que vivem em área da Floresta Estadual de Rio Claro são notificadas para deixar casas
01/04/2019 19h59
Por EPTV2
Local se tornou uma unidade de conservação ambiental e patrimônio histórico. Governo do estado conseguiu reintegração de posse, mas famílias pedem acordo ou mais prazo para sair.
Famílias que vivem na Floresta Estadual de Rio Claro terão que deixar casas
Pelo menos 9 das 15 famílias que vivem em uma área da Floresta Estadual Edmundo Navarro, em Rio Claro (SP), foram notificadas para deixar as casas, após a Justiça conceder a reintegração de posse do local ao governo do estado.
Elas estão preocupadas com a situação e pedem um acordo ou mais prazo para sair do local.
Por telefone, o procurador do estado, Alexandre Vidotti, informou que a reintegração deve acontecer nos próximos dias. (Veja abaixo o posicionamento completo).
Décadas em área da floresta
O aposentado João Batista de Souza vive há 50 anos no local. Ele se mudou quando trabalhava na Fepasa, que na época administrava o parque.
A companhia de transporte ferroviário encerrou as atividades e as casas ficaram. As famílias não foram despejadas na época e algumas criaram raízes que duram até hoje.
Casas desocupadas no passado estão abandonadas. "Pelo jeito eles querem que fique como as casas na parte de baixo. A turma saiu e as casas estão com mato dentro. Está tudo caindo", afirmou o aposentado.
Área de conservação ambiental
Em 2002, o horto Florestal foi transformado em uma unidade de conservação ambiental e patrimônio histórico.
Há cerca de 12 anos foi aberto um processo pedindo que elas desocupassem as casas. A decisão da Justiça só saiu agora e determina que as casas sejam desocupadas o mais rápido possível.
"São 30 anos morando aqui, criei todos os meus filhos e quatro netos e agora sair é difícil", disse o aposentado Aparecido Honório.
Honório, que mora com outras dez pessoas na casa, lembra que eles também já se ofereceram para trabalhar para o parque, já conhecem bem o espaço e também lutam pela preservação.
"A gente poderia fazer serviço de sábado, fazer limpeza, mas ninguém fala nada. Difícil para a gente pagar aluguel de casa na cidade", disse.
Prazo para sair do local
Quando receberam o aviso, ouviram do oficial de justiça que teriam cerca de dez dias pra sair.
"Ele falou que pode ser do dia 5 ao dia 10. A gente não quer ficar aqui de graça. Se não tiver um jeito, a gente queria um prazo maior porque ninguém consegue arrumar uma casa em uma semana", afirmou a segurança Maraíze Henrique.
Eles contam que não faltaram tentativas para regularizar a situação, inclusive um abaixo-assinado feito há mais de 20 anos em que eles pediam para comprar os imóveis.
"A prefeitura fala que não tem projeto habitacional para gente pelos próximos dois, três anos. Cada família tem uma história, não é só pela casa, é pela história de cada morador", lamentou a dona de casa Viviane Honório.
O que dizem o estado e a prefeitura
O procurador do estado, Alexandre Vidotti, afirmou por telefone à EPTV, afiliada da TV Globo, que ainda não há data definida para a reintegração, mas ela deve acontecer nos próximos dias.
Segundo ele, como a ação foi ajuizada em 2006, as famílias tinham ciência de que precisavam deixar o local. "Os ajustes com a Polícia Militar, oficiais e com a gestora da fundação florestal estão sendo feitos, porém, o estado espera que a saída das famílias seja de forma amistosa e voluntária", disse.
O setor de atendimento social da Secretaria da Habitação da Prefeitura de Rio Claro disse que esteve na floresta estadual e que incluiu as famílias no cadastro habitacional do município. Informou também que os critérios serão os mesmo aplicados às demais famílias.
https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2019/04/01/familias-que-vivem-em-area-da-floresta-estadual-de-rio-claro-sao-notificadas-para-deixar-casas.ghtml
UC:Floresta
Related Protected Areas:
- UC Edmundo Navarro de Andrade
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.