Ibama destrói garimpos e senador diz que prática vai acabar no novo governo
7.nov.2018 às 20h18
Fabiano Maisonnave
Nove garimpos ilegais no sudoeste do Pará foram desmantelados por agência
O Ibama desmantelou nove garimpos ilegais de ouro e cassiterita dentro de dois parques nacionais no sudoeste do Pará. Com apoio de quatro helicópteros e da Força Nacional, os agentes destruíram oito PCs (escavadeiras hidráulicas), avaliadas em cerca de R$ 600 mil cada uma, além de outros equipamentos.
MANAUS
A operação nos Parques Nacionais do Jamanxim (https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/06/alvo-de-controversia-floresta-do-jamanxim-no-para-tem-alta-no-desmate.shtml) e do Rio Novo ocorreu entre domingo (4) e segunda-feira (5) e foi comandada pelo Grupo Especializado de Fiscalização (GEF), a unidade de elite do Ibama.
"Quando se fala em garimpo na cidade, o que vem à mente é a figura idílica de um garimpeiro com uma bateia em um curso d'água cristalino", diz Roberto Cabral, coordenador do GEF. "A imagem real do garimpo hoje é a destruição da floresta amazônica por escavadeiras hidráulicas e a contaminação dos rios, dos peixes e da população, com um dano irreparável ao meio ambiente e à saúde humana."
Autorizada pela legislação, a destruição de equipamentos usados para a prática de crimes ambientais está autorizada dentro de áreas protegidas quando a remoção é considerada inviável por questões de logística e segurança.
Segundo o Ibama, nenhum dono de equipamentos queimados processou o órgão ambiental até hoje.
Dono de um dos garimpos destruídos, Rafael de Freitas Encinas disse à Folha, por telefone, que sua família explorava o local desde 1989, mas que não sabia que estava dentro de um parque nacional. "Eu preciso puxar e ver, mas não sei se era reserva ambiental, parque, não sei explicar ao certo."
Encinas disse que o Ibama fez uma "ação terrorista" por não ter permitido a retirada do equipamento. Ele calcula o prejuízo de cerca de R$ 750 mil,
incluindo uma PC. "Era nossa única fonte de renda."
Em discurso nesta terça-feira (6) no Congresso, o senador José Medeiros (Podemos-MT) afirmou em sessão plenária que o equipamento inutilizado pelo Ibama pertencia a "pequenos produtores, pequenos trabalhadores".
"Nunca ouvi falar que o Ibama chegou lá na Samarco, que matou mais de 20 pessoas, e queimou um equipamento", disse Medeiros, que participou da campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL).
Em entrevista à Folha por telefone, Medeiros, que se elegeu deputado federal, disse que "vamos cassar no primeiro dia essa porcaria [portaria] que
autoriza a destruição (https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/48267-ibama-destroi) . Eu não tenho dúvida, é uma das primeiras coisas que o Bolsonaro vai fazer."
O parlamentar mato-grossense é próximo do presidente eleito. Ele ajudou a coordenar a campanha no seu estado, além de ter participado de eventos no
Nordeste, ao lado do senador Magno Malta (PR-ES).
Bolsonaro tem feito críticas seguidas ao Ibama e ao (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/bolsonaro-retaliou-fiscais-do-ibama-apos-ser-multado-por-pesca-irregular.shtml) ICMBio (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/bolsonaro-retaliou-fiscais-do-ibama-apos-ser-multado-por-pesca-irregular.shtml).
Em uma das mais recentes, disse, em entrevista ao programa de TV Conexão Repórter, que os órgãos ambientais multam "de forma criminosa" e, em seguida, defendeu os garimpeiros.
"O garimpeiro é um ser humano como outro qualquer, é um trabalhador. O meu pai garimpou por muito tempo. Eu peguei essa mania do meu pai, sempre carreguei uma bateia."
Criados em 2006, os Parques Nacionais do Jamanxim e do Rio Novo têm 862 mil e 538 mil hectares, respectivamente. As duas áreas estão localizadas na
região de influência da BR-163, um dos principais focos na Amazônia de crimes ambientais como grilagem, extração de ilegal de madeira e garimpo.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/11/ibama-destroi-garimpos-e-senador-diz-que-pratica-vai-acabar-no-novo-governo.shtml
Garimpo:Amazônia
Related Protected Areas:
- UC Jamanxim
- UC Rio Novo
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.