Tecnologia simples e barata torna atividade mais sustentável e lucrativa
Situada na região conhecida como Salgado Paraense, a Reserva Extrativista (Resex) de São João da Ponta tem área de mais de 3 mil hectares, onde o manguezal é o ecossistema predominante. As 373 famílias residentes na Unidade de Conservação (UC) gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) encontram nos recursos pesqueiros seu principal meio de vida. Enquanto os peixes são vendidos e consumidos nas próprias comunidades, o caranguejo-uçá é comercializado em outras localidades, gerando renda para a população local.
Desde 2012, porém, um novo método de transporte do caranguejo vem sendo implementado, com o intuito de tornar a atividade mais sustentável e lucrativa. Tratam-se das caixas de plástico com espumas umedecidas ou, simplesmente, basquetas. A tecnologia, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi introduzida na UC através de uma parceria entre o ICMBio e a Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará.
Geração de renda
Membro do Conselho Deliberativo da Resex São João da Ponta, o pescador e caranguejeiro João Coelho explica que as basquetas são caixas plásticas onde os caranguejos são acomodados entre camadas de espumas molhadas. "Essa umidade protege e mantém eles vivos. Antes o transporte era feito em sacas de náilon, que esquentavam muito e geravam perdas grandes", lembra o conselheiro.
De acordo com Waldemar Vergara, chefe da reserva, a mortalidade nas sacas de náilon chegava a 35% e foi reduzida para menos de 5% com a utilização da nova técnica. "O caranguejo-uçá dura de seis a sete dias nas basquetas. Essa redução da mortalidade ajuda a conservar a espécie, pois aumenta a população de caranguejos no manguezal", destaca Vergara.
Para ele, o método trouxe ainda mais benefícios no que se refere à sustentabilidade: "As caixas plásticas têm durabilidade e podem ir para a reciclagem, enquanto as sacas faziam apenas dois ou três transportes e eram, muitas vezes, descartadas de forma incorreta, prejudicando o meio ambiente". Outro ganho que merece destaque, segundo o chefe da Resex, é o aumento na rentabilidade da produção. De 2012 para cá, o preço do caranguejo teve grande valorização, passando de 40 centavos para R $ 1 a unidade.
Envolvimento comunitário
Para implementar a nova técnica, o Instituto Chico Mendes promoveu uma série de atividades de sensibilização e capacitação junto aos caranguejeiros. A estratégia adotada durante esse processo foi a de valorizar o conhecimento do pescador artesanal, promovendo uma enriquecedora troca entre os saberes científico e popular.
Hoje, já são mais de 800 pessoas capacitadas e a utilização das basquetas tem se disseminado em outras reservas extrativistas. "Somos agentes multiplicadores", ressalta Vergara.
Sobre o período de implementação do método desenvolvido pela Embrapa, o conselheiro João Coelho lembra: "À medida que os comunitários se envolviam e aderiam à iniciativa, algumas adaptações foram feitas. Reduzimos a espessura das esponjas, diminuindo a quantidade de água e, consequentemente, o peso das basquetas".
Para Raimunda Moura, coordenadora do grupo de mulheres caranguejeiras da Resex São João da Ponta, a introdução da nova técnica de arrumação e transporte foi extremamente positiva para a comunidade. Ela explica que o grupo de mulheres trabalha na coleta do siri entre janeiro e maio, quando então se volta para o caranguejo. "Na época mais seca, de junho a dezembro, é quando coletamos o caranguejo-uçá. Sem dúvida, o uso das basquetas melhorou muito o nosso trabalho", comemora.
http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/4-destaques/7027-reserva-no-para-inova-no-transporte-de-caranguejo.html
UC:Reserva Extrativista
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- UC São João da Ponta
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