Os trabalhos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos na Floresta Nacional (Flona) de Piraí do Sul, no Paraná, têm revelado inúmeras surpresas. Uma delas é a pesquisa de Guilherme Grazzini, pesquisador do mestrado em Zoologia da Universidade Federal do Paraná, cujo trabalho envolve pequenos mamíferos não-voadores e registrou a ocorrência na unidade de conservação de exemplares das espécies Bibimys labiosus e Cryptonanus sp.
Conforme apurou Grazzini, estes seriam os primeiros registros destas espécies no estado do Paraná. No caso do espécime do gênero Cryptonanus, pode inclusive tratar-se de uma nova espécie, já que, segundo o pesquisador, as características do animal capturado não são totalmente compatíveis com as espécies do gênero já descritas cientificamente. Entretanto, a confirmação somente poderá se dar por estudos taxonômicos mais detalhados do exemplar coletado.
Sérgio Bazílio, pesquisador que utiliza armadilhas fotográficas para o registro de mamíferos de médio e grande porte, flagrou recentemente uma fêmea de onça-parda (Puma concolor) acompanhada de dois filhotes, além de diversas outras espécies - 23 até o momento - nativas da Floresta Ombrófila Mista, ecossistema em que a unidade de conservação está inserida e que revelam o bom estado de conservação da área e sua viabilidade como espaço de manutenção e reprodução de espécies.
A variedade de anuros e aves encontradas em Piraí do Sul também chamou a atenção dos pesquisadores Nathalie Foerster e Bruno Carvalho, que consideram os resultados obtidos bastante satisfatórios em termos de diversidade e quantidade de indivíduos registrados, sendo importantes bioindicadores da conservação ambiental. Abrangendo a floresta nacional e várias propriedades localizadas em seu entorno, as pesquisas também têm contribuído para a sensibilização dos moradores quanto à importância da conservação dos remanescentes de vegetação nativa para a sobrevivência das espécies.
Para o chefe da Floresta Nacional de Piraí do Sul, o analista ambiental Gustavo Nabrzecki, as descobertas chamam a atenção para a importância da criação e manutenção pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) das unidades de conservação, inclusive aquelas consideradas pequenas pela sua extensão territorial, pois a prática tem demonstrado que mesmo estas são relevantes para a conservação da biodiversidade.
A unidade de conservação (UC) conta com pouco mais de 150 hectares, uma das menores administradas pelo ICMBio. Foi criada em 2004 aproveitando uma área que desde 1948 pertencia ao Governo Federal e que abrigou originalmente um posto agropecuário do Ministério da Agricultura. Outro aspecto destacado pelo chefe da UC é a importância do apoio institucional à pesquisa, fato que permitiu as recentes descobertas. A floresta nacional conta atualmente com um alojamento, mas já está preparando outro imóvel, para ampliar sua capacidade de hospedagem, a fim de atender a demanda crescente das equipes de pesquisa que buscam a unidade e que poderão revelar novas gratas surpresas.
http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/20-geral5/3736-pesquisas-na-flona-de-pirai-do-sul-revelam-surpresas.html
UC:Floresta
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