A Hutukara Associação Yanomami, com sede em Boa Vista (RR), divulgou nota sexta-feira (12) para protestar contra a criação da Floresta Nacional do Amazonas (Flona) na terra indígena localizada na região dos municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas.
A Flona Amazonas, na realidade, já foi criada. Ela está sobreposta na TI Yanomami e tem uma extensão de 1,5 milhões de hectares.
Ela foi instituída em 1989, mas somente há dois anos, com a criação de um escritório no Amazonas, é que começou a ser debatido o processo de criação gestora.
Já a Terra Indígena Yanomami (TIY) foi homologada em 1991 e abrange áreas no território de Roraima e norte do Amazonas.
O protesto da Hutukara ocorre após o anúncio de uma reunião marcada para o próximo dia 30, em Barcelos, promovida pela chefia da Flona Amazonas, cuja titular é a analista ambiental Keuris Silva, funcionária do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Ameaças
Na nota, o diretor da Hutukara Dário Vitório Kopenawa, que é filho do principal líder yanomami, Davi Kopenawa, diz que a TIY foi demarcada em 1991 e homologada em 1992 e até hoje tem invasores em seu território. Esses invasores são fazendeiros e garimpeiros, segundo ele.
O receio dos yanomami, conforme a nota, é que, com a criação da Flona Amazonas o ICMBio incorpore não-indígenas na área, "abrindo perspectivas de mais invasões na TIY".
"Reafirmamos que a TIY não precisa de sobreposição, de criação de Flona. Precisa sim que o Governo Federal tenha vergonha e defenda a TIY dos invasores do passado e do presente e garanta a proteção territorial permitido assim que os Yanomami e Ye´kuana sobrevivam com o nosso modo de vida e cultura. Flona Amazonas é incompatível com a nossa cultura e com a história do povo Yanomami e Ye´kuana", diz a nota.
Gestão
Procurada pelo portal acritica.com, Keuris Silva, disse que os indígenas que se manifestam contra a Flona Amazonas precisam receber mais esclarecimentos sobre a reunião do dia 30.
Keuris afirmou que não teve acesso à nota enviada à imprensa (o ofício também foi destinado à ela) por isso não poderia comentar seu teor.
"A Flona já foi criada, mas estava faltando o conselho da unidade de gestão. É isso que queremos discutir. O fato da unidade ser sobreposta não significa tiras os direitos dos índios. Nosso trabalho é fortalecer a área", disse Kauris.
A Flona Amazonas tem categoria de uso sustentável, que permite a presença e moradia de pessoas. Ou seja, não é restritiva. No entanto, neste caso, conforme Kauris, as pessoas em questão são apenas os indígenas yanomami. Não indígenas não serão autorizados.
Conforme a chefe da Flona, com a instituição do conselho da unidade gestora será possível fortalecer as ações em benefícios dos moradores, já que a gestão é compartilhada e participativo.
"Poderão atuar juntos o ICMBio, a Fundação Nacional do Índio, a Secretaria Especial de Saúde Indígena, a Fundação de Vigilância em Saúde. O Conselho é um instrumento de administração para ajudar na gestão", explicou.
*Íntegra da carta em anexo.
http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonia-Amazonas-Manaus-Organizacao-yanomami-protesta-criacao-conservacao_0_534547644.html
PIB:Roraima/Mata
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